De maneira resumida, se pensarmos numa identidade visual como sendo um carro, o logotipo seria apenas o volante. Ou seja, uma identidade não exclui o logotipo. Na verdade, o logotipo faz parte de uma identidade visual. Assim como o carro, sem o volante, ele não pode ser operado corretamente. O logotipo é o elemento central de uma identidade visual, porém só ele não basta. É preciso pensar a marca visualmente em todos os aspectos e pontos de contato que ela será aplicada, seja numa fachada, nas redes sociais, cartões de visita, uniformes, banners, etc. Através de um processo estruturado, se busca pensar de maneira estratégica e integrada, para que a marca mantenha de fato sua IDENTIDADE VISUAL em todos os momentos que estiver presente.
Sabendo disso, vamos entender um pouco mais sobre as etapas de uma identidade visual. O processo é normalmente dividido em 5 etapas: briefing, estratégia, experimentação, apresentação e entrega.
1) Briefing
A primeira etapa de qualquer projeto criativo é o briefing, que consiste em um questionário que irá coletar informações importantes sobre a empresa, definição de público-alvo, seus benefícios e atributos, seu posicionamento, personalidade, propósito, concorrentes, dentre outras questões. É uma etapa bastante esclarecedora, tanto para os tomadores de decisão da empresa quanto para quem irá de fato desenvolver a identidade visual.
É importante ressaltar que quanto mais tempo e cuidado for dedicado para responder o briefing, mais assertivo será o resultado final do projeto.
2) Estratégia
Após o briefing, avançamos para a etapa de estratégia. Essa etapa consiste ir além do briefing, buscando compreender em qual cenário a empresa está dentro do mercado, através de análise da concorrência e fazendo pesquisas de referência visuais dentro e fora do segmento. Além disso, é nessa etapa que é construída a conceituação e o “moodboard” do projeto.
Como o próprio nome diz, “mood” é o clima do projeto. Um painel representado por várias imagens, tipografias, fotos e elementos gráficos, que têm como objetivo representar o “temperamento” e o clima daquele projeto antes mesmo de partir para a criação. Dessa forma, o cliente pode ficar muito mais tranquilo sobre o caminho que será tomado no desenvolvimento da identidade visual e assim as expectativas de ambas as partes ficam muito mais alinhadas.
3) Experimentação
Seja através de rascunhos, “rafes”, ou nos softwares de computador, a etapa de experimentação consiste em efetivamente testar e experimentar dentro da proposta de conceito e moodboard escolhido definido para o projeto. São realizados inúmeros testes de símbolo, logotipo, cores, tipografia e aplicações, visando apresentar ao cliente a única e melhor opção para a marca dele.
Aqui não existe regra, é uma etapa bastante fluida e livre, onde a criatividade e inquietação tomam conta.
Não existe fórmula mágica em nenhum projeto, somente a noção de que existem diversas formas de resolver um problema com design.
No final basta escolher aquela que mais encaixa e faz sentido para o intuito e universo da empresa, que vai ajudá-la a se destacar, transmitir seus valores e atributos, trazer personalidade e ajudá-la a se posicionar no mercado.
4) Apresentação
Após a etapa anterior é feita a validação de tudo que foi criado. Decide-se quais ideias vão adiante e quais não irão, e a partir dessas escolhas é criada a apresentação do projeto, que pode ser enviada ou apresentada ao cliente.
Nela são inclusas todas as decisões e os motivos pelos quais elas foram tomadas durante o projeto. Afinal, design se resume a muito mais do que “algo bonito”, precisa efetivamente resolver um problema. Um projeto de identidade visual tem um papel a ser cumprido, ele transmite sensações, comunica.
Após a apresentação, em alguns casos podem acontecer pequenas alterações, o que é normal. No entanto, na maioria das vezes, quando o briefing e as etapas anteriores são feitas corretamente, o projeto é aprovado de primeira e a marca já pode efetivamente ser aplicada.
5) Entrega
É a última etapa do processo, consiste basicamente na entrega de todos os materiais especificados na proposta. Por padrão, normalmente é entregue o famoso Manual de Identidade Visual (MIV), que é um documento técnico contendo todos os parâmetros e diretrizes para se poder utilizar aquela marca corretamente. O MIV é um guia para que qualquer pessoa que for contratada para lidar com a marca saiba como aplicá-la da melhor maneira possível.
Além do MIV, são entregues as versões do símbolo/logotipo, suas variações, versões preto e branco, a definição da paleta de cores nos espaços de cor RGB, CMYK e Pantone, definições sobre a tipografia e quaisquer elementos de apoio desenvolvidos para o projeto.
Em alguns casos são enviados também alguns itens já aplicados à arte final, como artes de caneca, cartão de visita, fachada, etc. Porém, como cada proposta é única e as vezes alguma aplicação não faz tanto sentido para a proposta da empresa, esses itens são variáveis. Uma empresa que atua apenas remotamente não teria necessidade de um uniforme, por exemplo. Então geralmente fica a critério da empresa e da negociação da proposta.
Conclusão
No fim das contas, acredito que fica claro a grande diferença entre uma identidade visual e um logotipo: uma identidade visual agrega muito mais que apenas um logotipo. Ela ajuda a empresa a se conectar com seus potenciais clientes e unifica seu visual em todos os contextos que estiver presente.